domingo, 24 de julho de 2011

Fragmentos...

"Se a sua mente estiver dividida por dois desejos conflitantes, isso destruirá a sua unidade e paz. Lembre-se, quando tiver de segurar algo, segure-o;

quando tiver de deixá-lo ir, deixe-o."

A frase acima, foi dita por um amigo em meu e-mail e que me fez linkar uma de minhas muitas conversas com Dona Fulana (mente).

Estava há alguns dias, deitada a noite em minha cama... Olhando para teto como sempre e viajando em meus pensamentos.

Fiquei tentando relaxar meu corpo, enquanto tentava ao mesmo negociar com minha mente para ela me deixar em paz, e não querendo engatar nenhum diálogo com ela.

Eis que a Dona Fulana (a mente), faz a seguinte pergunta: Qual foi a última vez que vc esteve em paz comigo?

Pensei... vc quer mesmo que lhe diga? Vai ser uma conversa meio nostálgica.

Aaaah sim, sempre gosto quando filosofamos sem interrupções.

Bom, farei uma comparação e nela explicarei o que sinto e depois vc me deixa em paz, ok?!

Minha mente nada boba: Ok?!, mas o que vc disser, escreva e registre na janela dos teus olhos...

Fechado!

Bem Dona Fulana... vc lembra quando tínhamos oito anos? Sim...

Até onde consigo lembrar, eu era feliz até os oito anos... Eu era plenamente feliz comigo e com o meu singelo mundo infantil. Não me lembro de nada interrompendo meus sonhos e sono. Ninguém me cobrando isso ou aquilo, cumprir prazos, ganhar dinheiro, pensar no futuro... Se estava sendo certa o errada com aquele ou com este. etc, etc... Mamãe estava casada com papai ainda lembra? Sim...

Tínhamos nossos almoços sempre todos a mesa... Todos felizes. Papai tb era bem mais feliz que hoje... Saímos todos juntos... Víamos TV à noite sempre jogados no sofá... Eu era feliz.

- Mas e depois?

E agora vc lembra quando ficamos aqueles meses em Lisboa? Sim, como poderia esquecer. Foram nossos melhores dias... Eu tb tirei férias de vc rs (mente idiota!).

Pois é,... A sensação foi à mesma... A poucos meses de chegar aos meus trinta anos... E estava feliz por completar tal idade... Eu era feliz em Lisboa... Estava lá sozinha com vc Dona Fulana... E em nenhum momento vc me cobrava atenção, me pedia para cumprir prazos... Nossa grana era suficiente... Dormíamos e acordávamos tão renovadas que nem acreditava. Cada dia era um novo dia... E vc sabe pq?

- Não, pode me dizer?

Pq estava apenas comigo... Pela primeira vez... Não pensava em ninguém, não precisava ligar tb para ninguém (de tanto, que minhas ligações ao Brasil eram mínimas). Não havia barulhos rotineiros... Nem horários para cumprir com exatidão. Podia comer e andar para onde quisesse, a hora que bem entendesse.

O sentimento foi o mesmo... Igual a minha felicidade plena aos oito anos. Agora vc entende pq chorei tanto ao embarcar no aeroporto e voltar para o Brasil?!

Sim... Entendo... Meses depois tornei sua vida um infernoooo... O mármore era pouco para vc!

Pois é... vc quase me destruiu por completa... vc foi tão cruel.

-Mas não era para vc ter ido embora, vc poderia ter ficado lá para sempre... vc foi um idiota, mas uma vez pensou nas pessoas que estão aqui.

É Dona Fulana... Mas até em Lisboa... Tinha e teve prazo de validade... Não podia ficar fugindo de vc por muito tempo. Vc iria me cobrar sempre de alguma coisa, pq esta é sua função. Sempre me vigiar...

E hj? Vc é feliz, minha querida?!

Estava esperando esta sua pergunta... Lógico que minha felicidade é como aquele lema dos alcoólicos anônimos... “Um dia de cada vez”... È isso... Sou feliz na medida em que ando no meu dia com vc. Há doses que me curam e outras me viciam... Acho que é isso.

Não sei se seria feliz para sempre lá minha amiga... Mas sinto saudades daqueles lugares por onde andamos... Das pessoas que conhecemos... Das comidas e seus cheiros... Todas as cores e barulhos que podíamos ver e ouvir. Não estava com minha família, nem amigos, nem nada que lembrasse minha vida no Brasil. Mas eu era feliz lá...

Então, quando vc pergunta em paz... É disso que lembro... E às vezes é isso que tento resgatar quando deito e fico no silêncio da noite até de madrugada. O que pude segurar segurei... Mas o que tive deixar ir... Nossa. Como doeu... Falando isso com vc, parece um dramalhão só, mas querida, vc sempre soube como me sinto em certas situações... Sempre negociando alguma coisa com vc... Pq tenho a consciência que vc é tão viva quanto qualquer um que eu toque neste mundo... Ficamos amigas nestes dois fragmentos que lhe narrei.

E quando voltamos, o que tive que fazer: Ligar o tal botão do FODA-SE!

Isso doeu... Mas sinto que foi necessário. Parece que passo uma idéia de uma eterna insatisfeita... Mas não é... Talvez uma ânsia de alguma coisa...

Vc está satisfeita com isso?

- Sim estou,... E não vou lhe fazer lembrar mais. Sei que precisa descansar para suas obrigações... (e lá vem Dona Fulana, citar todas as minhas pendências a serem cumpridas).

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