domingo, 13 de abril de 2014

Você tem que esconder seu amor...

O título desse post é a tradução de uma das pérolas composta por John Lennon para o album Help -65.
" You got to hide your love away" - particularmente é uma daquelas músicas que ficam na sua mente sem a pretensão nenhuma de chatear com melodias cansativas.
Dizem que John fez esta musica inspirada em Dylan mas feita para Epstein ( que foi responsável pelo sucesso administrativo e marketing dos Beatles). A amizade entre ambos sempre foi clara - mas a homossexualidade de Epstein só foi divulgada após sua morte por overdose. John em entrevista para playboy de 80 foi questionado sobre um possivel romance entre ambos- em resposta John disse em negação: que houve relacionamento muito próximo mas nunca foi consumado =P.
Por conta dessa complexidade . eis que surge a música com sua mensagem.
O interessante de analisar o album Help - que John disse que estava na sua pior fase de conflitos mil que já teve até então. Ele mesmo em entrevista disse que não gostava de se ver em fotos ou filmagens de 65. A beatlemania estava no auge. O consumo de maconha não ficava atrás... consumiam até no café da manhã. John dizia que a própria música Help era mesmo um pedido de socorro. A pressão e os compromissos estavam levando para longe de si mesmo.
Porém, para o olhar de muitos fãs, e minha em especial, tanto o filme quanto o album, tinham muita energia fresca de todos. Ao olhar John e os outros Beatles nos videos, acho a fase que eles estavam mais bonitos e divertidos. John estava até mais "gordinho" - coisa que ele não gostava de se ver. A própria plástica do trecho de You got to hide your love away - é belissima - As cores frias usadas, os cortes de cena e o enquadramento feito entre John e Ringo foi criativo e acompanha a performance da música.
O olhar de John cantando esta canção é algo que me atrai muito... e entre um sorriso e outro, identifica o que ele quer dizer junto ao violão.
O flautista John Scott foi convidado para ajudar no arranjo da canção.. que dá um tom mais poético ao final dela.
Faço adendo ao detalhe que no clipe, apenas a moça sentada ao lado de George usa um tom totalmente oposto ao do ambiente ( rosa) - pois ela seria o tal simbolo do "amor", sendo mencionado na canção.
Os Beatles sempre usam de cores e pequenos detalhes para passar mensagens que eles viviam em suas vidas pessoais. Isso se fez em todos os seus filmes.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Amor ao Félix

O título é bem adequado ao que quero expressar neste singelo espaço.
Há quem odeie ou ame novelas. Mas muito além da trama toda colocada, sempre observo a personagem e o aquele que o dá a vida e afins.
Na reta final da novela das nove ( Amor à Vida) – acredito que boa parte da população fanática pela dramaturgia enlatada dos últimos anos. De tempos em tempos, entre dezenas de medianas atuações, eis que surge uma personagem que realmente desperta o gosto de vermos uma novelinha.
A idéia da novela, é exatamente o olhar fora da nossa realidade, mas que muitas vezes faça com que a vemos quase vomitada em nossas casas de uma maneira exagerada, dramática ou humorada de nossas vidinhas.
Não quero jogar confete em especial nesta novela. Mas minha admiração profunda pela personagem de Mateus Solano ( Félix) – foi amor à primeira vista. Só comecei a acompanhar a novela em seu terceiro capítulo. Ao me deparar com a cena que vi, uma personagem homossexual, odiando tudo e a todos, aquele deboche, ironia e sarcasmo elevado a tantas potências... Tive a certeza que seria um sucesso.
Só assistia a novela para ver o Félix. Queria entender o que se passava no decorrer da trama e o porque de tanto ódio aos seus e tudo que ele almejava em bens materiais. Sua ambição desmedida, sua artilharia pesada para quem atrapalhava seu caminho, os planos, as manipulações e etc. Ele poderia ser odiado desde o inicio – mas não foi. O máximo que poderíamos dizer é que FDP!
Ao meu olhar – a novela é Amor ao Félix! Toda a trama foi no ritmo dele. De tudo que se transformava ao seu redor – as outras personagens que acompanhavam em suas manipulações. E aquele humor que nunca perdia o tempero.  E surpreendentemente vimos um Félix mudando. Sim! Algo se descobria nele e nós seriamos as testemunhas.
Quando a sacada de toda revelação de sua perversidade ( e não maldade) – foi descoberta, a cena foi apenas dele! Os outros atores ficaram realmente como figurantes.
Após o acolhimento de Márcia, e ele descobri parte do porque do ódio de seu pai sobre ele... foi uma seqüência de sensibilidade do ator dando vida a todos aqueles sentimentos de rejeição e abandono de anos. Pela primeira vez, Félix era visto frágil. Sua parte humana foi mostrada... Ele realmente descobriria a bondade muito além de comerciais e campanhas de solidariedade. Ele viveria no lar da ex- babá que ele poderia sentir como é ser amado. E mais: que a vida estava dando uma chance muito especial para que a sua vida valesse a pena.
Ali vimos todo o deboche de Félix  ajudando na venda do HOT DOGS! Impossível não ri junto com ele, rindo da própria vida rs!
Realmente o único que não era cego na novela era ele. Todos os outros personagens escapavam da realidade! E Félix jogava na cara de todos! Mesmo ele não tendo moral para muita coisa.  Mas o legal que o politicamente correto não vivia nele. Acredito que essa tenha sido a boa sacada que o compunha.
O bonzinho não atrai. A bondade sim- mas com dose de muita inteligência. Bonzinho burro não tem vez! Fato que se comprova quando Félix chamava Niko de “bicha burra” ( quando não queria ver a verdade por trás daqueles que os rodeavam).
Félix farejava de longe a malicia das pessoas . Lia pensamentos que nem o próprio que pensava imaginava que estaria emanando no ambiente.
A perversidade começou a ser amenizada aos poucos. De forma bem autentica.
Fazia tempos que na teledramaturgia não aparecia esta complexidade de caráter. Complexidade esta que nos deparamos em uma ou outra pessoa que nos esbarra pela vida. Perguntei-me várias vezes durante a trama, e nas cenas dele, o que eu faria?- O que faria se encontrasse um Félix em minha frente? Perdoaria? Vingaria- me? Caia na porrada?
Odiar é tão forte e intenso quando se ama.  A faceta desses dois sentimentos foi mostrada de forma brilhante.
Poucos sabem e vivem o amor, e penso que o ódio também.
Mas e a gentileza? O afeto? A confiança? O Acolhimento? – tantos outros comportamentos foram mostrados de forma muito sutil e para quem quer pensar e não ver apenas o sangue escorrendo na tela, o quando estes pequenos valores fazem muita diferença na vida de alguém!
Na minha opinião o pior vilão foi o César! Ele foi tão cruel, muito além que a Aline fez de forma psicopata para com ele. César destruiu seu filho, em doses homeopáticas.
E é fato que muitos pais, fazem isso sem consciência- Numa brincadeira, em meia dúzia de palavras, num olhar diferente ou indiferente, num tom de voz... em coisas sutis... alheio as necessidades de suas proles.
Félix foi fruto direto de um puro preconceito diário e cruel que temos conosco e com tudo que não aceitamos de diferente em nossas vidas. Desprezamos, ignoramos, punimos, caluniamos e por fim... ficamos cegos! Cegos a tudo que poderia nos melhorar em nossa convivência com o outro.
Fácil não é. Félix teve que rebolar muito, e o seu humor negro o salvou durante toda esta jornada.
No fim, a astúcia dele foi pedida para ajudar a desmascarar as mentiras de Aline e tantas outras que rodeavam alguns.
Irônico? Talvez?! A vida é irônica com a gente... quase sempre! Mesmo você sendo correto... ela lhe mostra alguma coisa para que você saia do seu mundinho confortável e engessado.
No fim das contas... Félix se revelou um anti.herói! Fora de todos os conceitos liberais ou conservadores.
O fato que o salgar a santa ceia virou apenas umas das armas que esta personagem deixará saudade. E como é bom ver gente de talento na TV ainda.
Félix virou assunto de muitas conversas filosóficas com amigas. E só por conta desse poder, que percebo o quanto um bom trabalho reflete em nosso senso de opinião.
Como disse uma vez Francisco Cuoco a uma entrevista: Não existe personagem pequeno numa novela, cinema ou etc, existe pequenos atores em suas atuações.

Fato comprovado numa novela... imagine em nossa vida.