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domingo, 13 de abril de 2014

Você tem que esconder seu amor...

O título desse post é a tradução de uma das pérolas composta por John Lennon para o album Help -65.
" You got to hide your love away" - particularmente é uma daquelas músicas que ficam na sua mente sem a pretensão nenhuma de chatear com melodias cansativas.
Dizem que John fez esta musica inspirada em Dylan mas feita para Epstein ( que foi responsável pelo sucesso administrativo e marketing dos Beatles). A amizade entre ambos sempre foi clara - mas a homossexualidade de Epstein só foi divulgada após sua morte por overdose. John em entrevista para playboy de 80 foi questionado sobre um possivel romance entre ambos- em resposta John disse em negação: que houve relacionamento muito próximo mas nunca foi consumado =P.
Por conta dessa complexidade . eis que surge a música com sua mensagem.
O interessante de analisar o album Help - que John disse que estava na sua pior fase de conflitos mil que já teve até então. Ele mesmo em entrevista disse que não gostava de se ver em fotos ou filmagens de 65. A beatlemania estava no auge. O consumo de maconha não ficava atrás... consumiam até no café da manhã. John dizia que a própria música Help era mesmo um pedido de socorro. A pressão e os compromissos estavam levando para longe de si mesmo.
Porém, para o olhar de muitos fãs, e minha em especial, tanto o filme quanto o album, tinham muita energia fresca de todos. Ao olhar John e os outros Beatles nos videos, acho a fase que eles estavam mais bonitos e divertidos. John estava até mais "gordinho" - coisa que ele não gostava de se ver. A própria plástica do trecho de You got to hide your love away - é belissima - As cores frias usadas, os cortes de cena e o enquadramento feito entre John e Ringo foi criativo e acompanha a performance da música.
O olhar de John cantando esta canção é algo que me atrai muito... e entre um sorriso e outro, identifica o que ele quer dizer junto ao violão.
O flautista John Scott foi convidado para ajudar no arranjo da canção.. que dá um tom mais poético ao final dela.
Faço adendo ao detalhe que no clipe, apenas a moça sentada ao lado de George usa um tom totalmente oposto ao do ambiente ( rosa) - pois ela seria o tal simbolo do "amor", sendo mencionado na canção.
Os Beatles sempre usam de cores e pequenos detalhes para passar mensagens que eles viviam em suas vidas pessoais. Isso se fez em todos os seus filmes.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Amor ao Félix

O título é bem adequado ao que quero expressar neste singelo espaço.
Há quem odeie ou ame novelas. Mas muito além da trama toda colocada, sempre observo a personagem e o aquele que o dá a vida e afins.
Na reta final da novela das nove ( Amor à Vida) – acredito que boa parte da população fanática pela dramaturgia enlatada dos últimos anos. De tempos em tempos, entre dezenas de medianas atuações, eis que surge uma personagem que realmente desperta o gosto de vermos uma novelinha.
A idéia da novela, é exatamente o olhar fora da nossa realidade, mas que muitas vezes faça com que a vemos quase vomitada em nossas casas de uma maneira exagerada, dramática ou humorada de nossas vidinhas.
Não quero jogar confete em especial nesta novela. Mas minha admiração profunda pela personagem de Mateus Solano ( Félix) – foi amor à primeira vista. Só comecei a acompanhar a novela em seu terceiro capítulo. Ao me deparar com a cena que vi, uma personagem homossexual, odiando tudo e a todos, aquele deboche, ironia e sarcasmo elevado a tantas potências... Tive a certeza que seria um sucesso.
Só assistia a novela para ver o Félix. Queria entender o que se passava no decorrer da trama e o porque de tanto ódio aos seus e tudo que ele almejava em bens materiais. Sua ambição desmedida, sua artilharia pesada para quem atrapalhava seu caminho, os planos, as manipulações e etc. Ele poderia ser odiado desde o inicio – mas não foi. O máximo que poderíamos dizer é que FDP!
Ao meu olhar – a novela é Amor ao Félix! Toda a trama foi no ritmo dele. De tudo que se transformava ao seu redor – as outras personagens que acompanhavam em suas manipulações. E aquele humor que nunca perdia o tempero.  E surpreendentemente vimos um Félix mudando. Sim! Algo se descobria nele e nós seriamos as testemunhas.
Quando a sacada de toda revelação de sua perversidade ( e não maldade) – foi descoberta, a cena foi apenas dele! Os outros atores ficaram realmente como figurantes.
Após o acolhimento de Márcia, e ele descobri parte do porque do ódio de seu pai sobre ele... foi uma seqüência de sensibilidade do ator dando vida a todos aqueles sentimentos de rejeição e abandono de anos. Pela primeira vez, Félix era visto frágil. Sua parte humana foi mostrada... Ele realmente descobriria a bondade muito além de comerciais e campanhas de solidariedade. Ele viveria no lar da ex- babá que ele poderia sentir como é ser amado. E mais: que a vida estava dando uma chance muito especial para que a sua vida valesse a pena.
Ali vimos todo o deboche de Félix  ajudando na venda do HOT DOGS! Impossível não ri junto com ele, rindo da própria vida rs!
Realmente o único que não era cego na novela era ele. Todos os outros personagens escapavam da realidade! E Félix jogava na cara de todos! Mesmo ele não tendo moral para muita coisa.  Mas o legal que o politicamente correto não vivia nele. Acredito que essa tenha sido a boa sacada que o compunha.
O bonzinho não atrai. A bondade sim- mas com dose de muita inteligência. Bonzinho burro não tem vez! Fato que se comprova quando Félix chamava Niko de “bicha burra” ( quando não queria ver a verdade por trás daqueles que os rodeavam).
Félix farejava de longe a malicia das pessoas . Lia pensamentos que nem o próprio que pensava imaginava que estaria emanando no ambiente.
A perversidade começou a ser amenizada aos poucos. De forma bem autentica.
Fazia tempos que na teledramaturgia não aparecia esta complexidade de caráter. Complexidade esta que nos deparamos em uma ou outra pessoa que nos esbarra pela vida. Perguntei-me várias vezes durante a trama, e nas cenas dele, o que eu faria?- O que faria se encontrasse um Félix em minha frente? Perdoaria? Vingaria- me? Caia na porrada?
Odiar é tão forte e intenso quando se ama.  A faceta desses dois sentimentos foi mostrada de forma brilhante.
Poucos sabem e vivem o amor, e penso que o ódio também.
Mas e a gentileza? O afeto? A confiança? O Acolhimento? – tantos outros comportamentos foram mostrados de forma muito sutil e para quem quer pensar e não ver apenas o sangue escorrendo na tela, o quando estes pequenos valores fazem muita diferença na vida de alguém!
Na minha opinião o pior vilão foi o César! Ele foi tão cruel, muito além que a Aline fez de forma psicopata para com ele. César destruiu seu filho, em doses homeopáticas.
E é fato que muitos pais, fazem isso sem consciência- Numa brincadeira, em meia dúzia de palavras, num olhar diferente ou indiferente, num tom de voz... em coisas sutis... alheio as necessidades de suas proles.
Félix foi fruto direto de um puro preconceito diário e cruel que temos conosco e com tudo que não aceitamos de diferente em nossas vidas. Desprezamos, ignoramos, punimos, caluniamos e por fim... ficamos cegos! Cegos a tudo que poderia nos melhorar em nossa convivência com o outro.
Fácil não é. Félix teve que rebolar muito, e o seu humor negro o salvou durante toda esta jornada.
No fim, a astúcia dele foi pedida para ajudar a desmascarar as mentiras de Aline e tantas outras que rodeavam alguns.
Irônico? Talvez?! A vida é irônica com a gente... quase sempre! Mesmo você sendo correto... ela lhe mostra alguma coisa para que você saia do seu mundinho confortável e engessado.
No fim das contas... Félix se revelou um anti.herói! Fora de todos os conceitos liberais ou conservadores.
O fato que o salgar a santa ceia virou apenas umas das armas que esta personagem deixará saudade. E como é bom ver gente de talento na TV ainda.
Félix virou assunto de muitas conversas filosóficas com amigas. E só por conta desse poder, que percebo o quanto um bom trabalho reflete em nosso senso de opinião.
Como disse uma vez Francisco Cuoco a uma entrevista: Não existe personagem pequeno numa novela, cinema ou etc, existe pequenos atores em suas atuações.

Fato comprovado numa novela... imagine em nossa vida.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Cheiros Prediletos


Todos temos cheiros prediletos...
Cheiros trazem lembranças... boas ou não. Quando se sente o cheiro predileto, tudo vem de forma tão nítida e implacável em detalhes da situação, comida, bebida, cores e pessoas.
Tenho vários cheiros prediletos... gosto dos que me trazem momentos de aconchego.
Cheiro de café coado na hora...
Cheiro de terra molhada após a chuva...
Cheiro do seu doce predileto...
Cheiro de roupa limpa...
Cheiro de livro novo...
Dizem que natal tem cheiro... ano novo também.

Mas tem aqueles cheiros que tem significado intimo apenas para si. Parece que só você sente... e isso o faz se tornar especial entre todas as coisas e pessoas desse mundo.
Sentimentos tem cheiros...
Para cada amizade há um cheiro diferente... isso se liga intimamente a cada pessoa que lhe é querida.
Quando o sentimento é bom e leve... parece que sentimos o aroma doce no ar. Ao contrario disso, se torna amargo e nada agradável.
Pessoas tem cheiros infinitos .. e eu as gravo em minha mente dessa forma.
O cheiro daquela pessoa que lhe é querida é como se fosse o cartão de identidade para a essência dela. Não haverá nenhuma outra pessoa com o mesmo cheiro na face da terra... e isso a torna especial à você. Este gesto é a ligação mais misteriosa que sentimos... um instinto atávico... único.Mas maravilhoso de vivê-lo.
Algumas vezes pegamos pessoas dizendo: Gosto de sentir seu cheiro!
E logo iremos dizer que é a marca do perfume tal que compramos na loja X e etc...
Mas acredito que a pessoa queria mencionar o tal cheiro que só ela sentiu... ninguém mais... nem você o sente... Mas ele esta ali... você esta emanando ele... e alguém captou!

Inevitavelmente deixando a vida mais cheirosa.





quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

As escorregadas de natal, fim de ano e afins

Realmente, no auge da minha pequena vivência neste pequeno planeta, este mês que tem como pacote o natal e o ano novo... É uma época do ano que não aprecio, não me encanta, não me motiva e nem emotiva,... Não vejo e nem sinto sentido “ainda” em todas as comemorações que se seguem.
Muitos mencionam a minha insensibilidade nesta data... ou porque a criança interior esta reclusa, ou colocam um  lista de possibilidades quase traumáticos de não me sentir no tal clima natalino e festivo.
Nada, entra de acordo... Nem passado, e muito menos futuro.
Ficamos mais generosos – dizem- isso deveria ser o ano todo.
Ficamos mais compreensivos- dizem- deveria ser o ano todo.
Ficamos mais próximos da família- dizem- difícil  para alguns,... fácil para outros... e quase um sacrilégio para tantos outros que não gostam dessa época.
“ Um dia você formará uma família e entenderá o significado do natal” – Jura?! – digo eu:  Então serei agraciada com o entendimento da total hipocrisia que acompanha esta data.
Antes que seja queimada em algum mármore... de algum purgatório por ai. Não acho ao todo, de  ignorar tal data.
Encontrei nela uma necessidade imensa de isolamento... quase um retiro pessoal mesmo. Penso que nesta época é uma fase de pura reflexão e introspecção do que  realmente você fez de significativo neste ano. ( o correto seria todos os dias, mas nem todos fazem).
A maioria começa a ficar compulsivamente louco, nesta época máster capitalista.
Tudo piora: trânsito, mercados, lojas das mais variadas, calçadas, pessoas insanas em busca de objetos que representem todo o sentimento para aquelas pessoas queridas que tiveram ou não contato durante o tal ano movido as promessas no ano retrasado.
Pois eu digo... Contemplo minha solidão nesta época. Costumo não passar com ninguém o natal... Costumo me recolher e ficar na minha própria companhia ( na qual morrerei com a mesma ).
Engraçado, mas outro dia falando com ela ( eu mesma), percebi que em certa altura do diálogo, fiquei sem assunto comigo mesma. Sério isso. Minha própria solidão, parou de falar,... não respondia minhas indagações. Achei que ela tinha entrado em greve, ou foi contaminada pelo tédio.
Mas até minha solidão foi se isolar. Até ela precisou de um tempo consigo. Dramático demais?! Exagero demais?! Para alguns pode parecer. Mas quem conhece um pouco de si, e ama a própria companhia em algumas horas diárias – entende o que quero expressar aqui.
Cheguei a ouvi de que ficar sozinho nesta época é total loucura depressiva, beirando ao suicídio. Pobres pessoas ao pensarem ou dizerem isso. Não há momento mais contemplativo, restaurador e criativo tendo momentos em sua própria companhia em sua caverna.
E descrevendo mais... Triste é a figura do tal senhor da barba branca e roupa vermelha ser totalmente destroçado e desfigurado todos os anos, muito mais que o peru recheado na maioria das mesas das famílias.
Com crenças ou não... seja qual a  religião que a acompanha. O meu profundo desejo é que possamos mesmo ser seres humanos integralmente melhores. Para tudo e todos. Não melhores convenientemente para mim ou a fulano... Melhor no sentido que terei que perder e ganhar, cair e  levantar, chorar e sorrir, dizer adeus e estar de braços abertos para o que a vida oferecer no vindouro ano.
Nunca saberei qual carta do jogo a vida irá colocar em nossa frente.  Só sei que ela sempre irá jogar a carta. Então que estejamos preparados para o próximo blefe, o truco, a tríade, o ás da manga... a qualquer detalhe de movimento que ela possa mostrar. Que poderá vim num olhar de uma criança, ... na visita inusitada daquela pessoa querida... da saudade que não foi consumida... das boas conversas sem fins acompanhada das terapêuticas risadas.
Desejo profundamente que a vida me mostre a ser simples... que possa sentir o simples... olhar  de forma simples... tudo que me rodeia.

Que a presença seja muito melhor que o presente!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Olhos que ardem

Um papo de metrô um tanto inusitado...

Duas senhoras conversando sentadas dentro do trem do metrô, relatando como foi a consulta ao oftalmo:

Senhora 1: - O doutô não resolveu meu problema nas vistas...
Senhora 2: Por que?... Você não contou tudo a ele? Não passou remédio?!
Senhora1: Ele passou  e sempre passa a mesma coisa... Eu contei a ele, que minhas vistas ficavam muito ressecadas e vermelha.. só de piscá doía... Mas ai eu contei que outro dia fui ver um filme com minha neta, e ai eu me emocionei, e quando meus olhos encheram dágua,... e a lágrima caiu... meus olhos arderam muito!!! Nossa.. achei que ia perder a visão de tanto que ardeu...

A senhora 2 ficou em silêncio quando disse:

Senhora 2: Então amiga... o que você tem que fazer é chorar mais... porque o coração amoleceu, a alma tocou, e a lágrima caiu..e o olho se curou.

observação: ainda ouve uma explicação da senhora 2 que quando estamos muito salgados por dentro, a lágrima sai amarga... então nem os olhos aguentam. Chore mais até ela ficar doce... ai seus olhos param de doer...

Coisas da vida...


Agradeço pela contribuição da foto do meu amigo Rafael Cinoto


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Calma para não errar!

Encontrei recentemente uma amiga de longa data. Entre um café filosófico e atualizações do correr da vida, ela me pergunta:

- Como você consegue lidar com seus erros?!

Depende... alguns eu dou uma leve risada e auto me chamo de tonta rs. Outras vezes fico chateada porque poderia ter prestado atenção. Mas no geral tento melhorar na próxima, e ás vezes vou errar de novo, mas esperando que numa porcentagem menor.
Por que?

Ela me olhou tão pensativa e disse:

- Porque eu não posso, não quero e não suporto a idéia de errar novamente no que lhe contei ( assuntos da vida).

- Como assim? Porque esta louca cobrança? Inevitável. Em algum momento todos erram. Ilusão demais pensar assim.

- Porque eu tenho pressa. Não posso ficar errando sempre. A vida já me cobra por si só. Se eu acertar mais, serei mais feliz! Entende?!

- Não entendo. Porque o mais legal da vida são os imprevistos. Da forma que diz, necessita de controle de tudo, e mais ... sobre os outros?!

Esta conversa foi longa. Ninguém tinha a verdade nas palavras. Mas acho que a liberdade de colocarmos na mesa nossas dúvidas e aflições em conversas livres sem intenções de  “ quem manda em quem”... poucos a tem.
Prestei atenção profunda em cada frase da minha amiga, e não podia deixar de devagar ao mesmo tempo na minha mente certos pensamentos que vinham como comentários abaixo daquilo que ela explicava.

Esta necessidade de não errar está tão pesada nos dias atuais, que fico assustada se realmente as pessoas tem certeza se elas se acham humanos ou outra coisa de inteligência artificial que não estou sabendo .
Esta prepotência humana é o que mais me incomoda. Esta inserido tantas ilusões de não posso errar do tipo bem sutil:
- Não posso envelhecer. Preciso aparentar menos idade da que tenho. Preciso estar sempre feliz. Preciso ser alguém de sucesso. Preciso antes dos trinta anos: ser independente, com carro, casa e se possível uma família em breve, ok?!
Serei contratado se apresentar menos erros que meu colega.  E se erra, por favor, não mostre para mim, porque já basta os meus erros a esconder ou resolver.
Desculpe, mas não tenho tempo para falar sobre isso. Desculpe mas não tenho paciência para aquilo ou isto.

Desculpe, mas não tenho nem tempo para conhecer você...

Confesso que esta ultima frase é o que mais me choca nas pessoas de hoje.
Não se tem tempo para nada. As poucas pessoas que se dão este tempo, tem que fazer um esforço bem louco... para não se contaminar com este : tempo é dinheiro.
Sempre tive o melhor slogan de como viver a vida bem. E veio da sabedoria antiga de meu pai ( graças): Faça as coisas com calma. Vai com calma. Passeie com calma. Fale com as pessoas com calma. Coma com calma. E conheça as pessoas com calma.

Sempre ouvi isso desde criança. Quando ele me via fazendo algo nas pressas, logo eu era repreendida. Faça com calma e sairá tão rápido e bem feito do que fazer com pressa.
Eu pensava: como consegue?!

Meu pai no auge da sua vitalidade... trabalhou anos numa borracharia perto de casa.
Um dia sai mais cedo da escola e fui passar na borracharia para irmos juntos para casa almoçar.
Chegando lá, sentei em um dos pneus que estava em um canto que poderia ter uma visão privilegiada de meu pai em ação.
Pois bem, foi então que vi em prática tudo que meu pai falava do slogan: Tenha calma.

O caso era que tinha uma carreta com 4 pneus para trocar. Mais dois carros passeios e uma Kombi. Lembro que ele teria no máximo 1 hora para fazer isso tudo, pois todos os motoristas estavam com pressa. E detalhe: meu pai trabalhava sozinho. O ato de tirar o pneu, trocar  a câmera de ar ( que na época , os carros antigos tinham), arrumar a câmera, testar, colocar de volta no pneu e este no veículo... incrivelmente ele fazia com calma, com precisão e acredite: sem erros!
Meu pai não podia errar no conserto das câmeras de ar dos pneus. Isso custaria a vida das pessoas. – é o que ele me explicava.

Sei que em meia hora ele consertou da carreta e do carro passeio. E chegou no mesmo instante mais dois carros.
E mais interessante que ele sempre ia conversando com os motoristas. Fazendo e conversando. Com a mesma calma do começo ao fim.
No saldo final daquela uma hora que fiquei olhando ele trabalhar de forma única ( braçal e intelectualmente), consertou 9 pneus e todos saíram satisfeitos. Vi o como meu pai era um homem feliz... Feliz por seguir o que dizia e fazia. Lembro que todos os motoristas pagaram a mais para ele. Por tanto cuidado e dedicação.
Depois de todo este serviço ele me disse:

- Depois que almoçarmos, vamos tomar sorvete na padaria. Porque ganhei mais que imaginei.

E quando estávamos saindo, chegou um caminhão. Meu pai tranquilamente disse:

- Camarada... você deixa eu ir almoçar?! É aqui do lado! Servido almoçar?!

- Espero o senhor até duas horas se precisar. Este pneu só o senhor consegue consertar. – disse o motorista.

E mesmo com o cliente esperando. Meu pai comeu com calma. Descansou um pouco. Conversou comigo. Tomamos sorvete... e tudo isso com calma.

Nunca esqueci este dia. Vi meu pai trabalhando tantos outros dias. Mas aquele foi especial porque foi intenso, foi tudo no imprevisto.

Tento levar isso no meu a dia a dia. Tento porque não é fácil. Faço parte de um outro mundo, outra geração tão diferente do meu pai.

Mas perguntei anos depois... na minha fase adulta, se ele já tinha errado em algum pneu.
Ele pensou um pouco e disse:

- Não. Porque quando eu via que o pneu não podia ser arrumado eu avisava o motorista. As vezes ele aceitava outras não. E quando não, ele ia em outro. O outro arrumava algo que não podia ser arrumado e ai acontecia o acidente. Semanas depois o mesmo motorista voltava e me contava o que tinha ocorrido. Então, o erro não era meu. Ele não acreditou na minha palavra e decidiu em outro. Livre é ele.

Mesmo depois de aposentado. Sempre parava carros na frente de casa de clientes chamando meu pai para ver os pneus e até consertar. Outras vinham encarregados de firmas da região ( antigos clientes) buscar meu pai para ir até a empresa e ver os pneus das carretas  de carga pesada.

Orgulho é imenso... mas na época não entendia bem tanta solicitação dele.

Crescendo percebi que o diferencial dele não era apenas o resolver rápido o problema... mas o ser honesto, rápido e incrivelmente calmo.


A calma o fazia ver o erro antes de cometê-lo. E sempre foi assim. Em tudo. E acredito que poucos nasçam com este olhar calmo para consigo e a vida. 
Tem gente que oferece: tome um chá, tome um suco, tome não sei mais o que e se acalme.
Pois bem... eu digo: tenha calma com você e de certo a vida terá calma contigo.
E muita calma nesta hora!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Saudades do John!


Não sei como exatamente, mas numa tarde quente estava buscando nas minhas pesquisas sobre um X assunto. Sei que numa fração do meu pensar... queria ver fotos de John Lennon. Apenas dele. Queria ver o seu olhar, seu sorriso nas fotos dos primeiros anos da formação dos Beatles. Ver aquelas fotos dos 4 garotos de Liverpool.. em preto e branco... se divertindo nas filmagens de A Hard Days Night, me trouxe uma nostalgia sem tamanha. Senti-me emocionada e vontade ouvir novamente aquelas musicas onde a voz de John é mais marcante.
Toda  pureza e alegria veio ao encontro daquelas imagens. O olhar daquele rapaz meio chapado ( pelas drogas que usava na época)... mas doce, vivaz... um artista.
A cada foto que encontrava, inevitável não pensar no amor vivido por ele e Yoko, o fim dos Beatles, o ativismo político dele a favor da paz e contra guerra. A carreira solo... John pai... John músico... John morto no ano de meu nascimento.
Acho que a saudade veio porque não vivi e não vi, John vivo. Produzindo e vendo ao vivo na TV.
Fui ter consciência dele e dos Beatles a partir dos 10 anos.
Tem alguns que arriscam ter um Beatle favorito... mas eu não tive... eu tenho simpatia por John... Pelo que já li de suas entrevistas: em algumas acho que ele foi imaturo pela idade na época. Disse que coisas que magoaram ele e aos amigos. E por vezes  a mídia não entendendo suas palavras e postura, deturpavam demais.
Acho extremamente feliz... as pessoas que nasceram em décadas que puderam acompanhar o trabalho dessa banda. Mas, em especial de John.
Não sei mesmo, como Yoko consegue a cada dia ter força para viver sem o seu amado durante anos. Ela se manteve fiel a tudo. Desde o dia que se conheceram. Ambos tinham uma sintonia muito boa. E John deu prova disso de várias maneiras.
Acho que me emociono por isso. Não apenas por um amor homem e mulher... mas um respeito e admiração muito além. Não si cansavam um do outro e ainda produziram muito para o mundo artisticamente.
Outro dia, Yoko, publicou numa rede social, a foto dos óculos ensangüentado de John. Ressaltando que todos os dias e anos morrem milhares de pessoas por conta da violência. Pensei ao ver aquela imagem: Como ela conseguiu guardar isso? E mostrar agora? Quanta coisa esta mulher, aos seus 80 anos, guarda em seu peito... sentimentos, saudades, lembranças... e quanta coisa ela deve pensar que poderia esta vivendo com ele, se estivesse vivo, aqui! Quanta coisa teríamos o  prazer de ouvir, vindo de sua mente artística e sensível.?!
Saudade de John!
Mas Yoko, guarda John além do seu coração... guarda ele em sua alma.
E almas falam em outra linguagem. Outro som... Outro ritmo...


Imagine!