domingo, 15 de julho de 2012

Felicidade instantânea

Atraímos tudo aquilo que somos e pensamos... ( mesmo que ainda não tenhamos isso muito claro em nós), a vida devolve sem mais e nem menos, aquilo que é oferecido.
No meu último post, recebi vários e-mails de leitores opinando sobre a questão dos tais zumbis que encontramos pela vida. 
Quando escrevi tal texto... foi apenas um simples questionamento sobre: o verdadeiro sentido da minha existência nesta terra ( ou Terra)???
Confesso que por vezes tenho respostas... mas logo ela se vai... e vem a mente questionar, pelo simples estado de melancolia que brota não sei de onde de minha alma.
Muitos entendem a  melancolia como depressão... e digo que nada tem a ver.
Melancólicos tem a sensação que não se encaixam no mundo... correm com suas vidas, mas algo sempre falta,... nostalgias do que? e de não sei onde? sempre acomete uma vez e outra o estado dessas pessoas.  Conversei com algumas neste estado, a melhor foi de uma senhora que me disse: " a vontade que tenho é de tomar um remedio que me fizesse dormir e acordar em uma outra época, ou melhor no próximo século." Triste não?! Mas nem tanto... Sou muito grata a vida sim... mas o sentido da existência sempre fará parte da alma de quem sente.
E o que tem tudo isso a ver? Calma... tem dois pontos bem interessantes que ouvi, analisei e escrevo cá.
Outro dia um amigo me disse assim:
- Camila, as pessoas consomem e buscam a felicidade como se fosse uma receita de macarrão instantâneo feito em três minutos (o miojo).
- Mas é o que mais se tem ... felicidade efêmera, não é?! Sempre tem aquela frase tão auto-ajuda que é: seja feliz hoje! felicidade é feita de pequenos momentos! faça sua felicidade ser o agora e se dane o resto... rs
- É algo bem assim... as pessoas não sabem o que elas querem?! nem sabe qual felicidade buscam...
- Mas o que seria para você uma felicidade plena?
- Ah seria algo como se fosse uma comida mais elaborada...e por ser tão trabalhosa, temos que comer ela devagar, saborear ela bem, para que nunca esqueçamos o gosto e a alegria que ela nos proporciona.

Este diálogo do meu amigo, fez-me lembrar de uma passagem de Buda que acho tão conflituosa, mas sinto que é a verdade.
Buda ( Sidartha),depois de descobrir os três males do mundo ( a morte, a doença e a velhice)... Sai em cavalgada com um dos servos de seu pai para longe dos muros do palácio. O servo o vendo triste e pensativo pergunta: Senhor, porque está tão triste? nada o alegra? tens tudo que um homem pode sonhar em ter: mulher, filho, um palácio, riqueza, mulheres etc e etc... O que busca?
Sidartha diz: nada disso preenche minha alma... quero a felicidade... a verdadeira felicidade.
O servo ouvindo diz: Mas senhor, quando me sinto assim triste ou com raiva... eu toco minha citara (viola indiana) a noite... e quando o faço, esqueço todos meus problemas, me sinto feliz, relaxado... e tudo fica melhor.
Sidartha pergunta: Mas e depois? No dia seguinte? Quando meu pai lhe cobra, trata-lhe mal... etc... quando todos seus problemas se repetem... você ainda continua com aquela sensação da música? do prazer que ela lhe dar ainda?
O servo parou, pensou e com um olhar desolado disse: Não... não consigo.
Sidartha comenta: Então meu fiel servo, o que busco e encontrarei é a felicidade que rompe isso... este prazer passageiro... que lhe faz feliz no momento... mas depois, ela deixa um vazio e um conflito na alma que é o que sinto todos os dias da minha vida. E quando achar a verdadeira felicidade... ensinarei a todos que como você, contentam-se com tão pouco.

Você poderá esta se perguntando: Mas então, não sou feliz? o que tenho não é real? que merda fiz fazer neste mundo então?!
Muito calma... creio que uma ponta de esclarecimento que este diálogo que Buda traz ... é o exagero que vemos por ai... a tal felicidade enlatada e de fácil acesso. Pessoas que dizem: não gosto e nem quero pensar isso porque dá trabalho e isso é coisa para louco pensar ... Lamentável, mas já ouvi muito isso... e tenho muita desconfiança de gente assim.
Ao meu ver, a coisa mais linda que a vida nos dá diariamente é a arte de pensar: um pensar construtivo, do bem... tentando descobrir o que pode ser mudado ou melhorado... e que dá sim, muito trabalho e tem que ser... pois seremos os tais servos preguiçosos.
Analise qual felicidade que busca? instantânea ou elaborada?


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