domingo, 29 de julho de 2012

Colorindo a TV

Por mais que exista equipamentos ultra sofisticados... nada substitui a imaginação.
Digo isso porque me peguei analisando um comentário que vi na TV dias atrás.
Consumidores que compraram um certo televisor de marca X do fornecedor Y e este, começou a dar problemas dias após... pois a TV mostrava as imagens em preto e branco.
Um total desespero, porque após a invenção da Tv colorida, seria quase impossivel passar alguns minutos vendo a Tv sem as milhares de cores, que nossos olhos alcancem.
Lógico que o problema foi levado ao Procon e tal... e as TVs trocadas e toda aquela lista de direitos de consumidores sendo exposta naquela reportagem... Mas faço aqui uma confissão: Tenho em meu quarto, quase como uma peça de museu do Cairo, uma Tv de 5 polegadas em preto e branco que pertenceu a minha saudosa avó.
E pasmem! Assisto sim nela... sempre que possível.
Porque?!

Quando era criança e ficava com minha avó em sua casa. A única de TV que ela tinha era em preto e branco e ainda ligada a válvula. Ou seja, ligava um aparelho antes para "esquentar" a tal Tv e ai sim liga-la. Tenso né?! Mas eu achava um barato aquilo! Ansiosa para a imagem aparecer.
Ela tinha esta de 5 polegadas em seu quarto, e a noite, lá estava fazendo nossa cia.
Engraçado que sem querer, comecei a ter um hábito de infância que era imaginar as cores na Tv, conforme a imagem ia passando.
Para uma mente infantil é até fácil... mas mesmo depois de décadas, ainda faço isso quando assisto ela no quarto. Tenho a minha colorida, claro! Mas, faço isso até como forma de que minha imaginação trabalhe com as cores que tenho em minha mente. De forma nostálgica talvez, lembro aqueles momentos simples com minha avó... trazendo seus bolinhos e café. Sentadas, em silêncio confortador... 

Realmente, se tivesse uma greve de Tvs coloridas no mundo... não me sentiria em pânico... porque está tudo aqui dentro... todas as cores... Faço colorir as imagens na minha TV com as nuances que eu quiser; Pode ser desde o vestido daquela atriz.... os olhos daquele ator... as paisagens e tragédias afins. Tudo é uma questão sintetizar o que já existe.



terça-feira, 24 de julho de 2012

Situações anestésicas

Uma vez tive um papo com um amigo de anos, sobre a sensação que temos em certos momentos da vida, de nos sentimos anestesiados.

Ele até citou momentos de luto, mudanças, puxadas de tapete etc...
Mas eu comentei que além de tudo isso, esta sensação é mais do que algo morno... quele estado apático. Creio que é quando há uma sensação de cansaço com repetidas situações com pessoas e afins.
Acaba sendo tão repetido... que a mente faz um certo anestésico sobre tais assuntos e pessoas.
Aquela coisa de acordar no automático para mais um dia, e quando se dá conta, você esta dentro do carro ou no coletivo e pergunta: Nossa, como eu cheguei até aqui?!
Louco, né?!
O pior da loucura: foi uma vez que voltava do trabalho, e tive que ir até São Paulo e voltar para Guarulhos. Estava em curso... e aquilo: tem hora para entrar e sem hora para sair ( feliz vida moderna de peão).
Eu estava no metrô, e tinha que descer na Armênia, foi quando ao sair do trem olhei para um lado e para o outro e não sabia por Deus, qual caminho pegar!
Eu sentei, e fiquei por alguns segundos ou minutos talvez, que lado tinha que ir, qual ônibus pegar... e pior para onde ir?! Só faltava esquecer meu nome :P!
Ai fechei os olhos e de repente veio o norte... mas a sensação foi horrível... sem memória por alguns minutos.. apenas pela mente em estado de cansaço. Tinha que mudar tal situação e fui atras de tais alterações em minha rotina... o mundo me engolia e eu não estava fazendo nada para tal. Apenas cumprindo prazos e dizendo sim a tudo... menos a mim. Poxa.. ser adulto é assim?! ter um pouco de conforto na vida preciso vender minha alma, minha saúde, meu tempo com meus amigos?!

Sei que foram vários questionamentos...Mas o lance é que realmente para certas situações acabo e acabei usando este tal anestésico. Quando percebo que a situação vai se repetir, ou que a pessoa começa com a mesma frase do texto que já reli em outras bocas: lá vem a anestesia mental e emocional.
O ruim é quando se sai de tal anestesia... sinto que o tempo não passou, e que algo esfriasse por dentro.

Não vou mencionar assim que se deve ou não fazer isso: mas pessoas que querem ter um certo controle de seus sentimentos e ações costumam fazer isso. E acostuma-se a fazer isso até se tornar um hábito.
Vejo que pessoas mais impulsivas e viscerais, não sentem isso, ou até preferem sentir a dor lá no seu âmago mesmo... Sem dó de  colher os pedaços e ficar remoendo eles.
Acho que podemos escolher alguns momentos da vida assim: como um botão liga/desliga: Hoje viverei com emoção ou sem emoção?
A escolha é sempre nossa.


domingo, 22 de julho de 2012

Poetando!

Lá estava ele,
mais uma vez
Todo doce, sempre doce
Aquele doce que não dá sede -
Nem enjoa
Doçura que consola
 Eu - ou como você

Amarga não...
Azeda talvez
E ele sem saber
Adoçava ela
Gota a gota... Grão em grão

Tola, não queria
Pois sabia, que tal doçura
Viciaria

Ele observa
Ela olha
Ele dizia
Ela ouvia - as almas filosofavam 
De tudo que sabiam

Sorriso belo
Olhar terno

Abraços em braços
Abraços que abrasam
Abraça-me?
Quieto
E tudo ficará certo



Nota: Agradeço mais uma vez a contribuição da bela foto de Junior Dragoni. Obrigada!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Atomizando...

Há fragmentos do que leio, assisto e ouço.... que ficam ali em minha mente, conversando comigo como se fosse aquelas conversas de final de tarde em volta de uma mesa de café.
Outro dia, meu querido Serzinho ( na qual falo dele em posts antigos), enviou -me um video muito interessante. Não apenas pelo tema ser de saúde em vários aspectos, mas porque o palestrante em certo momento comentava sobre as partículas de átomo dentro da glândula pineal. Que quando esta glândula está hiperativa, produz e se cristaliza alguns minerais, no qual, ainda estão sendo estudado pela ciência. Sabe-se pouco sobre ela, assim como o equilibrio dos átomos entre si.
Mas em certo momento o palestrante diz: Sabem que o campo de energia dos átomos entre si repercute em tudo que é material... tudo que achamos que podemos tocar e sentir de certa maneira. Mas sabem que este assunto é ainda um mistério, porque, se realmente houvesse um desequilibrio neste campo entre eles... as coisas sairiam meio que "estourando" por ai.... Na verdade o que você toca... o que você vê repousar sobre uma superficie... não está tocando assertivamente, mas sim, meio que "flutuando" neste campo. Quando você anda, tem-se a certeza que seus pés tocam o chão... mas se realmente tocassem... seria um estouro certo...
Lógico que para explicar isso, leva-se horas... e mesmo assim apenas teoria. Mas a idéia é interessante e complexa. Pensar que por um momento não tocamos realmente as coisas.... Que ao abraçar ou beijar alguém... não estamos totalmente tocando aquele ser... apenas sua superficie em equilibrio.
Esta idéia de relatividade das coisas, lembra-me muito aquele filme Matrix... onde todo o questionamento da triologia era : aonde esta minha realidade? onde começa e onde termina?! Tudo que vejo e toco é falso então?!
Não quero trazer aqui algo pirante... mas dá para entender o porque muitas vertentes espirituais dizem: tenha mais consciência de quem você é... do que se preocupar em ter... Ter as coisas é bom... mas passa... o seu ser não... ele fica, porque é a única coisa verdadeira que podemos tocar na nossa ínfima realidade.


domingo, 15 de julho de 2012

Felicidade instantânea

Atraímos tudo aquilo que somos e pensamos... ( mesmo que ainda não tenhamos isso muito claro em nós), a vida devolve sem mais e nem menos, aquilo que é oferecido.
No meu último post, recebi vários e-mails de leitores opinando sobre a questão dos tais zumbis que encontramos pela vida. 
Quando escrevi tal texto... foi apenas um simples questionamento sobre: o verdadeiro sentido da minha existência nesta terra ( ou Terra)???
Confesso que por vezes tenho respostas... mas logo ela se vai... e vem a mente questionar, pelo simples estado de melancolia que brota não sei de onde de minha alma.
Muitos entendem a  melancolia como depressão... e digo que nada tem a ver.
Melancólicos tem a sensação que não se encaixam no mundo... correm com suas vidas, mas algo sempre falta,... nostalgias do que? e de não sei onde? sempre acomete uma vez e outra o estado dessas pessoas.  Conversei com algumas neste estado, a melhor foi de uma senhora que me disse: " a vontade que tenho é de tomar um remedio que me fizesse dormir e acordar em uma outra época, ou melhor no próximo século." Triste não?! Mas nem tanto... Sou muito grata a vida sim... mas o sentido da existência sempre fará parte da alma de quem sente.
E o que tem tudo isso a ver? Calma... tem dois pontos bem interessantes que ouvi, analisei e escrevo cá.
Outro dia um amigo me disse assim:
- Camila, as pessoas consomem e buscam a felicidade como se fosse uma receita de macarrão instantâneo feito em três minutos (o miojo).
- Mas é o que mais se tem ... felicidade efêmera, não é?! Sempre tem aquela frase tão auto-ajuda que é: seja feliz hoje! felicidade é feita de pequenos momentos! faça sua felicidade ser o agora e se dane o resto... rs
- É algo bem assim... as pessoas não sabem o que elas querem?! nem sabe qual felicidade buscam...
- Mas o que seria para você uma felicidade plena?
- Ah seria algo como se fosse uma comida mais elaborada...e por ser tão trabalhosa, temos que comer ela devagar, saborear ela bem, para que nunca esqueçamos o gosto e a alegria que ela nos proporciona.

Este diálogo do meu amigo, fez-me lembrar de uma passagem de Buda que acho tão conflituosa, mas sinto que é a verdade.
Buda ( Sidartha),depois de descobrir os três males do mundo ( a morte, a doença e a velhice)... Sai em cavalgada com um dos servos de seu pai para longe dos muros do palácio. O servo o vendo triste e pensativo pergunta: Senhor, porque está tão triste? nada o alegra? tens tudo que um homem pode sonhar em ter: mulher, filho, um palácio, riqueza, mulheres etc e etc... O que busca?
Sidartha diz: nada disso preenche minha alma... quero a felicidade... a verdadeira felicidade.
O servo ouvindo diz: Mas senhor, quando me sinto assim triste ou com raiva... eu toco minha citara (viola indiana) a noite... e quando o faço, esqueço todos meus problemas, me sinto feliz, relaxado... e tudo fica melhor.
Sidartha pergunta: Mas e depois? No dia seguinte? Quando meu pai lhe cobra, trata-lhe mal... etc... quando todos seus problemas se repetem... você ainda continua com aquela sensação da música? do prazer que ela lhe dar ainda?
O servo parou, pensou e com um olhar desolado disse: Não... não consigo.
Sidartha comenta: Então meu fiel servo, o que busco e encontrarei é a felicidade que rompe isso... este prazer passageiro... que lhe faz feliz no momento... mas depois, ela deixa um vazio e um conflito na alma que é o que sinto todos os dias da minha vida. E quando achar a verdadeira felicidade... ensinarei a todos que como você, contentam-se com tão pouco.

Você poderá esta se perguntando: Mas então, não sou feliz? o que tenho não é real? que merda fiz fazer neste mundo então?!
Muito calma... creio que uma ponta de esclarecimento que este diálogo que Buda traz ... é o exagero que vemos por ai... a tal felicidade enlatada e de fácil acesso. Pessoas que dizem: não gosto e nem quero pensar isso porque dá trabalho e isso é coisa para louco pensar ... Lamentável, mas já ouvi muito isso... e tenho muita desconfiança de gente assim.
Ao meu ver, a coisa mais linda que a vida nos dá diariamente é a arte de pensar: um pensar construtivo, do bem... tentando descobrir o que pode ser mudado ou melhorado... e que dá sim, muito trabalho e tem que ser... pois seremos os tais servos preguiçosos.
Analise qual felicidade que busca? instantânea ou elaborada?