sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Manipulando a vida alheia


Não gosto de escrever sobre certos temas porque causam uma conversação interminável. Mas como toda boa mente critica feminina, e analisando as poucas vezes que posso assistir um jornal, fico assustada e irritada com certas fontes de pesquisa e informações passadas pela mídia.
Aprecio mais ler jornais do que ouvir a noticia,... dá tempo para analisar melhor os fatos e etc... Mas quando estava tendo a campanha do primeiro turno da cidade de SP, fiquei acompanhando o que cada candidato dizia sobre seus projetos e tal. Todos viram que teve uma reviravolta e  que o segundo turno foi uma surpresa imensa pelos os dados que eram mostrados pela TV. O tal IBOPE ( que até hoje não seis se existe mesmo, alguém avisa por favor das se já foi abordado por tal), mostrava a “fidelidade” das pesquisas.
Eu nunca gostei de pesquisas desse tipo, pois acho sim, uma manipulação bem da sem-vergonha mesmo!
E isso esta acontecendo de novo no segundo turno. As vezes sinto que haja mais indecisos e que não sabem em quem vão votar do que realmente é mostrado.
Digo sim, que a manipulação de dados existe e isso é em todo lugar... até quando se maqueia dados de empresas, planilhas de custos etc .... quem trabalha em empresa sabe disso... sempre é colocado alguma coisa a mais que não existe, pois é tal sugestão. Odeio esta tal idéia da sugestão. Porque é fácil vc colocar ali um dado ou informação que poderá de alguma forma mudar o pensamento do indeciso.
Por exemplo: o fulano esta com tantos pontos a frente, mas veja que o fulano b esta a poucos pontos atrás... a chance para mais ou para menos, estão tecnicamente empatados. A chance de quem ganhar é tanto.... se a votação fosse hoje seria de tal fulano. O fulano está sendo mais bem votado em tal região... e em outra nem tanto... Ou seja, você acredita mesmo que apenas com uma porcentagem tão pequena de entrevistados é possível ter uma perspectiva de candidato????... pelo IBOPE sempre é entrevistado por volta de 1000 a 2000 cidadãos.... Pessoassssssssssss... isso não é nada!
Outra coisa que me revolta: os dados sobre a violência!
Esta semana mesmo fiquei abismada... Vejam: a onda de violência aumentou, porque pelo levantamento dos dados do setor X, houve um crescimento de 3% em relação ao ano passado e em relação ao mês passado houve tanto...
Violência é ruim sendo pouco ou muito... Mas analisem como é perigoso este tipo de informação: Quantos milhões de pessoas vivem em SP? Muito !
Os dados dizem que este mês teve 3000 casos de assassinato e não sei quantos de  latrocínio. Ao meu ver, esta até num nível normal a baixo... Porque? Isso representa menos de terço para metro quadrado em SP.... seria assim... uma violência a cada 3 ou 4 quarteirões. O bom seria nada, mas vivemos em sociedade numa selva de pedra, com vários problemas sociais. Como não ter? cada qual vivendo da maneira a La Pôncio Pilatos ( lavo minhas mãos, só faço até aqui).
O que acontece: jogam dados de violência o tempo todo na tela.... fazem uma lavagem cerebral animal... e no final da reportagem não entra em conclusão alguma... porque nada é feito. Apenas colocam o medo na alma das pessoas e a fé em nada e ninguém.
Fico bem preocupada com isso... Outro dia uma colega me disse que estava com medo de ficar parada no semafaro em X horário porque ouviu no noticiário que aquela região tinha incidência de não sei quantos assaltos por dia. Como é que fica a vida dessa pessoa? Não fica nunca! Estresse só, medo, pânico... sem confiança!
Algumas pessoas vão ler este texto e não ver o sentido... mas eu vejo.... Vejo a manipulação constante em tudo... e isso que me dá mais medo... mentes sem filtros.
Analise o que ouve, contam, discursam... veja se faz sentido e que tipo de sentimento desperta tal informação. Uma pessoa que concorda de primeira... não é um bom sinal de confiabilidade. Assim como pesquisas que vendem dados como se fossem únicos... falando por milhões... com certeza não fala por mim e nem por você.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Afinidades

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos. 
O mais independente. 

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida. 

É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo sobre o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro. 

Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém com quem você tem afinidade. 

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos
fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. 

Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios. 

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar.
Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar. 

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar. 

Só entra em relação rica e saudável com o outro,
quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,
não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.
E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade.
Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita
o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra. 

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.
Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,
por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,
veremos ou falaremos. 

Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem
para buscar sintomas com pessoas distantes,
com amigos a quem não vemos, com amores latentes,
com irmãos do não vivido? 

A afinidade é singular, discreta e independente,
porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu
o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação
exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas
nem pelas pessoas que as tem. 

Por prescindir do tempo e ser a ele superior,
a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades
ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.
Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,
para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes. 
Sensível é a afinidade.
É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a sua existência também depois. 

Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir
restituir o clima afetivo de antes,
é alguém com quem a afinidade foi temporária.
E afinidade real não é temporária. É supratemporal.
Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,
ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.
A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.
A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,
plantios de resultado diverso. 

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,
é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quantos das impossibilidades vividas. 

Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,
sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,
a expressão do outro sob a forma ampliada e
refletida do eu individual aprimorado.

Arthur da Távola

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ponto de Interrogação

Por acaso algum dia você se importou
Em saber se ela tinha vontade ou não
E se tinha e transou,você tem a certeza
De que foi uma coisa maior para dois
Você leu em seu rosto o gosto,o fogo,o gozo da festa
E deixou que ela visse em você
Toda a dor do infinito prazer
E se ela deseja e você não deseja
Você nega,alega cansaço ou vira de lado
Ou se deixa levar na rotina
Tal qual um menino tão só no antigo banheiro
Folheando as revistas,comendo a s figuras
As cores das fotos te dando a completa emoção
São pe rguntas tão tolas de uma pessoa
Não ligue,não ouça são pontos de interrogação
E depois desses anos no escuro do quarto
Quem te diz que não é só o vicio da obrigação
Pois com a outra você faz de tudo
Lembrando daquela tão santa
Que é dona do teu coração
Eu preciso é ter consciência
Do que eu represento nesse exato momento
No exato instante na cama,na lama,na grama
Em que eu tenho uma vida inteira nas mãos..


Prestes a estrear o filme - Gonzaga - de pai para filho - Sempre admirei a voz e interpretação de Gonzaguinha. Sem falar das letras profundas, enaltecendo ou a dor e o amor.
A letra acima, ouvia ainda criança, não entendia seu significado, mas com o crescer da vida... acabei reouvindo ela... com outra ideia e sentimentos que a envolve.
Profundamente forte... impactante. Já ouvi histórias de homens assim... dessa forma descrita.
Mascara que recobre em diversos momentos de nossa vida, em muitas relações... Gonzaguinha desnudava isso... muito sutil e delicadamente.
Outro dia falava com uma amiga sobre ele: Como um homem não tão atraente fisicamente pode ser tão belo ?!
Beleza de alma não tem preço.